Não 'Valeu': Por que o Ibovespa escorregou? Entenda a nova queda

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A Vale (VALE3) até tentou. Mesmo sendo uma gigante que representa 12% do Ibovespa, principal índice acionário do país, ela sozinha não foi capaz de neutralizar a aversão ao risco pelo qual o mercado passou hoje. Esta noite a empresa publica seu balanço referente ao primeiro trimestre de 2024. A ação da empresa teve alta de 1,24%, a R$ 63,56. Mas não "valeu" de muita coisa. Os juros altíssimos por aqui e lá foram dissiparam as chances de alta na bolsa e queda do dólar ante o real.

Sendo assim, o que aconteceu com o Ibovespa?

O Ibovespa teve um desempenho negativo, com leve queda de 0,33%, encerrando o dia aos 124.741 pontos. No mês, a queda é de 2,63% e no ano, 7,04%; O dólar comercial subiu 0,34% aos 5,15; Veja mais detalhes do pregão aqui.

O que ocasionou a reviravolta da Vale?

Há uma semana, a ação da Vale acumulava uma queda de 20% no ano, acompanhando os preços em queda do minério de ferro, seu principal produto de exportação. E não agradaram o mercado os rumores de que o governo estava tentando ganhar espaço na gestão da empresa.

Como a situação da Vale se reverteu?

Mas houve uma reviravolta que elevou os espíritos dos investidores. O relatório de produção apresentado dias atrás veio acima da expectativa, o papel voltou a ganhar relevância nas carteiras e subiu. A queda em 2024 caiu para 14%. Nada mal para apenas sete dias.

Com a alta do minério de ferro, principal produto de exportação da Vale e que chegou à maior cotação em sete semanas, o papel começou o dia de vento em popa. O mercado já espera uma queda de lucro neste primeiro trimestre (logo saberemos o que virá). Resta saber quais as expectativas daqui para frente e se o período de trevas já ficou para trás. Quem acha que "vai dar bom" já se posicionou hoje, garantindo sua fatia no que pode vir de interessante da mineradora.

"Mesmo com esse minério nos patamares de 90 dólares, a Vale tem o menor custo de produção entre as grandes globais, o que torna seu produto uma margem muito superior às outras mineradoras. Isso leva a uma boa tese de investimento, ela deve continuar distribuindo bons dividendos, dada a forte tiração de caixa também. A gente tem uma visão construtiva para a Vale", afirma Carlos Daltozo, chefe de análise da Eleven Financial.

O impacto da situação da Vale no mercado

Por ser uma exportadora, a companhia pode se beneficiar ainda da recente alta do dólar. Com produção maior e moeda brasileira em baixa, há potencial para que os próximos resultados sejam positivos. Por outro lado, o mau desempenho da companheira de setor, Usiminas, divulgado ontem, fez com que os ânimos se acalmassem hoje e muita gente deixasse para tomar decisões só depois do balanço.

"Apesar do forte relatório de produção divulgado dias atrás e da média do preço do minério estar acima de US$ 100, o balanço ainda causa desconfiança no mercado", afirma o chefe de renda variável da RJ+ Investimentos, Rilton Brum.

Pois muito bem, se a Vale tentou nadar contra a maré, quem foi que arrastou o índice para baixo? Quase todo mundo. Das 86 ações da carteira teórica, somente 16 tiveram alta.

Segura essas taxas, por favor! (ou não)

Com os juros lá no alto, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, fica difícil convencer o investidor a apostar na renda variável de um país emergente e que não deixa muito claro para onde vai sua responsabilidade fiscal.

Os juros futuros brasileiros acompanharam o movimento dos americanos (Treasuries) que insistiram em subir mesmo depois de um leilão para tentar domá-los. Com o corte de juros parecendo cada vez mais distante na Terra do tio Joe (Biden), nem mesmo a expectativa de bons resultados das empresas de tecnologia foram suficientes para conter o aumento das taxas e queda das bolsas.

"Hoje tivemos a economia norte-americana mais uma vez demonstrando força, com os pedidos de bens duráveis que vieram acima do esperado. Isso reforça o entendimento de que haverá juros altos por mais tempo. Tudo isso afetou a curva de juros nos EUA e tem afetado a nossa, que está cada vez mais correlacionada ao exterior", afirma Matheus Amaral, especialista em Bolsa do Inter.

"Esse cenário na economia americana limita também a possibilidade de cortes na taxa Selic, que já está sendo calculada entre 9,5% e 10% no final do ano, contra 9% há algumas semanas", completa Jaqueline Kist, especialista em mercado de capitais e sócia da Matriz Capital.

Para Gustavo Cruz, strategista-chefe da RB Investimentos, a divulgação do PIB e dos dados de inflação nos Estados Unidos pode (ou não) ser o divisor de águas para o mercado. Se vieram fortes demais, indicando uma pressão inflacionária maior, o azedume na bolsa e alta dos juros devem prosseguir.

"No Brasil, esse cenário valoriza o dólar em relação a outras moedas e dificulta a redução das taxas de juros pelo Banco Central. Neste pregão, foi esta percepção que impactou negativamente a curva de juros e a maioria das empresas", diz.

A cada dia, ganha força a perspectiva de que a Selic caia bem antes do previsto por analistas. Conforme embutido à curva futura:

  • Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic. Taxas de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 subiram de 10,32% a 10,35%.
  • Já para janeiro de 2034, de 11,54% a 11,64%. Quão mais longo o prazo, maior a influência do cheiro de calote do governo ("risco fiscal", se preferir).

Por falar em contas públicas, a expectativa do momento gira em torno da Reforma Tributária. Sim, aquela que poderia, quiçá, viabilizar o arcabouço fiscal e mostrar para tudo e todos que o Brasil leva a questão fiscal a sério.

O ministro da Fazenda Fernando Haddad jura que a proposta já está prontinha para ser enviada ao Congresso, faltando somente o aval do presidente Lula. Do outro lado, o presidente da Câmara Arthur Lira se mostrou interessado em pautar a reforma antes das eleições. Mas não basta o texto passar. Depende de como ele será escrito, votado e aprovado.

Enquanto isso, a renda fixa vai bombando.

Como as empresas reagiram?

Com juros altos, os papéis mais sensíveis às taxas, como varejistas e aéreas (que são alavancadas), registraram perdas mais fortes. A Petz (PETZ3), que recentemente passou por forte alta após avanço na fusão com a Cobasi, teve um dia de ajuste nos preços e ficou entre as maiores quedas do Ibovespa hoje. A Petrobras que também vinha de uma reação positiva após a expectativa da chegada dos queridos dividendos extraordinários também passou por uma sessão de queda, acompanhando a desvalorização do petróleo. No diminuto lado positivo do índice, o destaque foi para PetroReconcavo e Eneva que também estudam fusão.

Fonte: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data deslize para ver o conteúdo.

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Decepção — Foto: GettyImages
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Por /Isabel Filgueiras


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