Luto e saúde mental: a importância do apoio corporativo em momentos difíceis Um tema um tanto desconfortável para muitos de nós é o luto. A cultura ocidental, ao contrário dos asiáticos, não nos ensina a lidar de forma natural com a perda de entes queridos. Quando passamos por uma perda significativa, como a morte de alguém próximo, repensamos tudo e nunca mais seremos os mesmos. Mas, como lhe dar com o luto? Quanto tempo dura? Existem fases? Como uma empresa deve lidar com essa situação? Como pessoas, cada um encara o luto da sua maneira, não existem regras. É preciso encaixar a “presença da ausência” de acordo com sua forma. Neste sentido, a conexão do luto com a saúde mental é direta. O quanto este período indeterminado afetará ou não a capacidade da pessoa de dar conta das tarefas e ser produtiva no trabalho é uma outra pergunta que não tem uma resposta única. Para alguns, trabalhar é uma forma de esperança e apoio à saúde mental, e seguir em frente com os compromissos cotidianos é uma benção. Mas essa não é uma verdade para todos. O tema é complexo e demanda uma atenção especial das empresas, para além da “Licença-Óbito”, que assegura dias de ausência dependendo do grau de parentesco e do esperado e muito valioso apoio da área de Assistência Social. O líder que emerge da pandemia é mais empático e próximo. Respeita a individualidade, dá espaço e caminha lado a lado com seus funcionários. No entanto, é preciso preparo das empresas para apoiar seus times no momento de um luto profundo. Aliás, nunca nos sentiremos 100% prontos para dar um acolhimento adequado, porque cada perda é única, é difícil lidar com o sofrimento alheio. Mas é preciso capacitar-se para tal. Isso faz parte do S do ESG, da agenda de Recursos Humanos, da vida das empresas. As empresas precisam estar atentas a esse evento e se preparar para apoiar suas pessoas. Ainda mais, em tempos de incertezas, quando o cenário de relativa normalidade é alterado de forma abrupta, novos desafios precisam ser pensados. A pesquisa “Repensando a Ambição – workmonitor: a visão dos talentos em 2024” indica quatro temas globais:

- Ambição e Motivação; - Flexibilidade; - Equidade e Compreensão; - Inteligência Artificial e Qualificação. O item 3, Equidade e Compreensão, tem total relação com a nossa conversa sobre luto. Segundo a publicação, existe uma "lacuna na compreensão". Os funcionários “escondem aspectos da personalidade no trabalho”, há uma dificuldade do empregador em entender a sua geração e a “Apoio à saúde mental e Seguro Saúde/Benefícios de suporte à saúde” são considerados como um dos três aspectos mais importantes em relação ao trabalho atual ou futuro. Neste sentido, as políticas e práticas de gestão de pessoas devem ser repensadas. A demanda é outra, há novos anseios e expectativas e o mundo muda muito rapidamente. No livro “#sobrevivi – o que li, aprendi e vivi no meu luto” (Heloisa Belluzzo Editora), Sonia Consiglio oferece uma modesta contribuição a este processo. Em oito meses, leu 24 livros para tentar elaborar a sua perda. Em determinado momento, achou que poderia ser valioso organizar essa viagem literária em uma única obra, compartilhando as passagens que mais marcaram. O #sobrevivi é composto por seis capítulos pelos tipos de livro que ela leu: Ciência, Psicológicos, Espíritas, Autoajuda, Testemunhais e Diários. Na Apresentação, Sonia define-o como “Um cardápio, uma curadoria, um leque, um mosaico de obras que me procuraram gentilmente e às quais dei guarida na minha dor”. Que o #sobrevivi seja um companheiro amoroso das pessoas, enlutadas ou não, e de líderes empresariais, cumprindo assim sua missão.

Qual o papel das empresas no apoio ao luto?

Comportamentos incomuns, e-mails não respondidos e absenteísmo podem ser sinais de uma pessoa passando por um momento difícil de luto. Ao entender esses sinais, empresas podem oferecer apoio à saúde mental e oferecer ajuda adequada para seus funcionários.

Como as empresas podem ajudar os funcionários em luto?

Além do apoio emocional, as empresas também podem oferecer flexibilidade quanto à carga de trabalho, horários, ambiente e outras adaptações individualizadas. É importante que os líderes da empresa estejam capacitados a lidar com os colaboradores em momentos de luto e possam oferecer essa assistência.

Qual o impacto da ausência de apoio no ambiente corporativo?

A ausência de apoio adequado pode aumentar o risco de problemas de saúde mental, como depressão, ansiedade, stress e burnout. Isso pode resultar em baixa produtividade, mau desempenho, aumento da rotatividade e custos mais altos de benefícios importantes para os funcionários, como assistência médica e licenças.

Como podemos ajudar amigos e colegas de trabalho em luto?

Pequenas coisas podem fazer a diferença, como enviar cartões, marcar encontros para conversas, oferecer ajuda manual ou preparar refeições. Muitas vezes, é importante apenas ouvir e tentar entender. O que é mais importante é oferecer um apoio contínuo e atencioso, sem julgamento e respeito pela dor de cada indivíduo.

Não podemos negar que a perda de um ente querido é um assunto sensível e delicado. Embora não haja uma solução mágica para resolver essa questão, entender o impacto do luto na saúde mental e a necessidade de apoio no ambiente de trabalho pode ajudar a minimizar seus efeitos. A liderança deve ser sensível e empática a qualquer momento, mas especialmente quando alguém próximo experimenta o luto. O apoio contínuo e a compaixão de amigos, familiares e colegas de trabalho podem realmente fazer a diferença nas horas mais difíceis. Por isso, que tal deixar um comentário, dar um like ou seguir para levar uma mensagem de apoio àqueles que precisam?

Por /Sonia Consiglio