No cenário político atual do Brasil, o que predomina são as pirraças, rancores e vinganças movidas por interesses pessoais, em detrimento dos ideais de interesse público. Esse é o tom que domina os debates, declarações e decisões tomadas pelos representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Isso é extremamente preocupante, pois em qualquer democracia saudável e pacificada, as decisões deveriam ser tomadas pensando primeiro no bem comum.
Dentro desse contexto, destaca-se a atuação de Rodrigo Pacheco e, especialmente, de Arthur Lira, no comando das duas Casas no Congresso. Lira, por exemplo, irritado com a perda de espaço no governo e com a briga pessoal com Alexandre Padilha, tem promovido CPIs inócuas sobre assuntos debatidos cotidianamente, apenas para fustigar o governo e se mostrar ainda relevante. Além disso, ele passou a confrontar o Supremo Tribunal Federal (STF) com decisões que visam apenas atender à bancada bolsonarista. Pacheco, por sua vez, aderiu à mesma cruzada contra o STF ao confrontá-lo com decisões que agradam ao público e à base aliada.
Por que os Poderes agem com rancor e vingança?
Esse comportamento vingativo não se restringe apenas ao Legislativo, mas aflige igualmente o Judiciário, onde o STF empurra penas excessivamente altas aos executores utilizados para os ataques de 8 de janeiro, muda suas decisões para puxar de volta inquéritos contra políticos para tê-los nas mãos ou enfia tudo o que envolve ilícitos e supostos ilícitos praticados por Bolsonaro e sua trupe em um inquérito só, comandado justamente pelo principal alvo do bolsonarismo: o ministro Alexandre de Moraes. Também há um claro sentimento de vingança e rancor com a Lava Jato que, entre erros e acertos, ousou desafiar o topo da classe política e flertou com investigações contra integrantes do próprio Judiciário.
O próprio Lula também chegou ao poder movido por um sentimento de vingança contra Sergio Moro e a Lava Jato, a ponto de ter dito publicamente que só estaria tudo bem ao “f… o Moro”. Em contrapartida, o governo Bolsonaro tem promovido uma guerra geral entre os representantes dos Três Poderes, mergulhados em um cenário de rancor que, certamente, não contribui para a superação do cenário fiscal difícil que se avizinha, do alastramento do crime organizado se transformando em máfia, ou da epidemia de dengue. São problemas relevantes que deveriam merecer atenção de nossos governantes.
Qual o impacto desse cenário na vida do brasileiro?
Infelizmente, o cenário político atual tem impacto direto na vida dos brasileiros, pois os representantes do governo estão mais preocupados com suas vinganças pessoais do que com a resolução dos problemas em pauta. Esse cenário coloca em risco a imagem do país no cenário internacional e prejudica a representatividade brasileira em conflitos internacionais, já que as decisões são tomadas levando em conta interesses pessoais, e não o interesse público. É necessário que os representantes dos Três Poderes deixem de lado suas já inflamadas estratégias de vingança e iniciem uma busca real pelos interesses coletivos do país.
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Este artigo é uma tradução e adaptação de um texto originalmente publicado no Estadão. As opiniões expressas aqui são de responsabilidade do autor.
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